18 de outubro de 2010

O tempo é um escultor?


Quem de nós já não disse essa frase: “Foi muito difícil passar por isso, mas a experiência me ensinou muito.” Nem sempre, nem sempre. Muitas vezes essas brechas de luz não resistem à passagem do tempo. Elas abrem um fulcro de consciência enquanto a dor nos corrói, mas costumam desaparecer assim que o sofrimento se atenua em nosso interior. Temos coisas mais urgentes em que pensar. Normal. Mais do que isso, é saudável não ficar acariciando as perdas, transformando-as em mascotes de estimação, enquanto nos afeiçoamos ao papel de vítima. Que, apesar de provocar alguns estragos psíquicos, sempre comovem os outros. E principalmente a nós mesmos.
Mas a outro aspecto nessa questão que não costuma ser considerado. Com o acúmulo de fatos vividos, com a soma de emoções positivas e negativas, acabamos perdendo a leveza, a curiosidade. Nossas atitudes se tornam mais rígidas. Endurecemos. Perdemos também muito da espontaneidade que parece ser privilégio dos mais jovens, dos muitos jovens. Talvez essa equação hospede um equilíbrio necessário para a manutenção de o próprio ser. Quando tudo são fulgor e exuberância, fica faltando a sobriedade que se irmana à reflexão e faz com que acertemos mais em nossas escolhas.
Ainda assim, eu não faria a apologia desbragada da experiência. Vamos envelhecendo e, se não tivermos cuidado, tudo vai se tornando menos interessante. É preciso uma força física e emocional extra para sustentar e olhar de espanto sobre o mundo. E perceber como é necessário manter a alteridade em nossos relacionamentos. Continuar aprendendo com quem gosta de fazer esboços, sem o peso e a gravidade de não poder mais errar.
O que o tempo esculpe dentro de nós? O que nos rouba? É recomendável ter muito cuidado para que essa presumível sabedoria que a maturidade nos dá não nos transforme em homens e mulheres tristes. Pior: em chatos cheios de verdades inquestionáveis. A sedimentação de conceitos conduz à intransigência. Como se fosse uma espécie de crime reconhecer que nos enganamos – como se a gente tivesse preguiça para começar de novo. Os caminhos são múltiplos e quase sempre é possível retroceder. O que parece uma espécie de leviandade pode ser o saudável exercício de correr riscos, de experimentar todas as possibilidades que estão a nossa disposição.
Ninguém quer passar horas e mais horas refazendo o itinerário que considerava definitivo. Mas o fato é que a convicção de que vamos nos tornando mais sábios deixa em nós resíduos de arrogância. Será que podemos mesmo ensinar alguma coisa para os outros? O que se chama de vivência não pode ser terceirizada. Cada um trabalha com um martelo próprio e as feições que vai moldando só pertencem a si mesmo. O escrito Pedro Nava dizia que a experiência é como um carro com os faróis voltados para trás.
Seria bom se nos aferrássemos a essa alegria que vemos no rosto dos que continuam nascendo. Ou, se tanto não for possível, pedir emprestado um pouco dessa vontade inquebrantável que os joga para fora de si mesmos, desejando os encontros.
O fastio não precisa ser o prêmio amargo de quem envelhece. Não são apenas os movimentos do corpo que se pode perder. Há algo mais grave: a falta de mobilidade interior.

Pense bem antes de falar



As palavras têm poder e, dependendo  de como são ditas, podem cortar fundo e se transformar numa ferida difícil de cicatrizar.
No calor da bronca, da mágoa ou do ressentimento, o melhor é tentar calar-se – controlar a língua mesmo. A fúria nos deixa transtornados,  faz o sangue subir a cabeça, perdemos a noção. Aí, despejamos sem pensar tudo que vem à nossa mente. Nessas horas, falamos de maneira muito dura, abrindo ainda mais a ferida.
Isso não significa que temos de engolir sapos e aceitar tudo sem contestar. Pelo contrário: nada como uma boa conversa para resolver qualquer conflito. Devemos simplesmente entender que usar bem as palavras não é apenas dizer a coisa certa no momento certo. Temos também de aprender a não falar a coisa errada nos momentos em que nos sentimos tentados a fazer isso.
Por isso, pense muito bem antes de falar qualquer coisa. As palavras se tornam mais poderosas e eficazes quando usadas com cuidado, com calma. Afinal, alguém pode esquecer o que você disse, mas nunca esquecerá como você o fez se sentir quando pronunciou tais palavras.

Beijos

Trate o outro de igual para igual

 


Você já deve ter escutado alguém dizer “a gente dá a mão e logo querem o braço”. Tai uma forte tendência do ser humano: ir além do permitido, do usável, do sensato, do coerente. Claro, não vamos generalizar, porque nem todo mundo é assim. Mas que muita gente age dessa maneira, você há de concordar comigo. Você faz um favor, apóia uma decisão, compreende as atitudes de um amigo, e quando você espera a mesma coisa... Leva um tremendo banho de água fria. A pessoa do outro lado não te oferece o mesmo, nem se importa a agir assim. Mas cobra de você um tratamento diferente e bem amistoso.
Por isso, digo sempre: tudo tem limite e respeito é bom e eu gosto! Não olhe apenas para o próprio umbigo e faça com o outro exatamente aquilo que deseja que façam com você. Do contrário, não espere receber mais do que realmente merece!